A Educação Abandonada: O Descaso da Gestão Anderson Mantei

A educação municipal de Santa Rosa está sendo reduzida a um mero serviço de assistência, um depósito de crianças onde professores, monitores e demais profissionais são tratados como simples cuidadores. Sob a gestão do prefeito Anderson Mantei, as escolas perderam sua essência educacional e sua capacidade de transformação social. O que deveria ser um espaço de aprendizado, desenvolvimento e construção de futuros está se tornando um ambiente de precarização e desrespeito.

A retirada da autonomia das comunidades escolares é um ataque direto à qualidade da educação. Antes, as escolas tinham liberdade para gerenciar parte dos recursos financeiros, garantindo melhorias urgentes por meio do pronto pagamento. Agora, estão amarradas a uma burocracia sufocante, dependendo de decisões centralizadas que ignoram a realidade de cada unidade. Qual o real interesse por trás dessa medida? Por que tirar das escolas a capacidade de resolver suas necessidades básicas?

A escolha dos diretores também foi sequestrada. Antes, a comunidade escolar tinha voz, participava, decidia quem lideraria suas instituições de ensino. Hoje, a democracia interna foi sufocada, substituída por decisões impostas de cima para baixo. Como confiar na qualidade da gestão se ela não representa aqueles que vivem o dia a dia da escola?

E a que ponto chegamos quando professores e funcionários não podem sequer se alimentar junto com os alunos? Essa medida desumana, que separa aqueles que educam daqueles que aprendem, revela o quanto a atual administração vê os profissionais da educação como meros trabalhadores braçais, e não como agentes fundamentais na formação cidadã. A alimentação compartilhada não é apenas uma refeição – é um momento de convivência, acolhimento e fortalecimento de laços. Quem, dentro da gestão municipal, se deu ao trabalho de pensar na mensagem que isso transmite às crianças? No impacto emocional para professores e funcionários que, além de desvalorizados, são segregados?

A situação se agrava ainda mais com o não pagamento do piso salarial dos professores, uma afronta direta aos direitos da categoria e um fator desmotivador que afasta talentos da rede municipal. Como esperar uma educação de qualidade quando aqueles que dedicam suas vidas a ensinar são tratados com descaso e remuneração abaixo do que lhes é devido por lei?

Além disso, o excesso de alunos nas salas de aula, incluindo a inclusão de crianças com necessidades especiais sem estrutura adequada, compromete o aprendizado e sobrecarrega os profissionais. O resultado dessa negligência reflete diretamente nos índices de avaliação da educação municipal, que despencam, impactando negativamente a qualidade do ensino e resultando na perda de recursos fundamentais para a melhoria da rede de ensino santarosense.

Como se tudo isso não bastasse, a gestão municipal ainda tenta empurrar goela abaixo da população um projeto de escola cívico-militar, atualmente tramitando na Câmara de Vereadores. Trata-se de uma proposta que, na prática, atua como cortina de fumaça — um desvio de foco que concentra esforços em uma única escola enquanto ignora a realidade dramática enfrentada pelos demais educandários da rede municipal.

Apresentado como solução para os problemas de segurança e disciplina nas escolas, o projeto da escola cívico-militar escamoteia as verdadeiras causas da violência e da indisciplina: o abandono das políticas públicas sociais, a precarização das estruturas escolares, a ausência de investimento em projetos pedagógicos transformadores e a falta de apoio às famílias e comunidades.

O que Santa Rosa precisa é de um projeto de segurança nas escolas que seja realmente robusto, consistente e duradouro. Um projeto construído a partir do diálogo com os profissionais da educação, com as famílias, com os estudantes e com especialistas, e que trate não apenas os sintomas da crise educacional, mas, sobretudo, enfrente suas causas profundas. Causas essas que têm origem na crescente desestruturação social provocada pela negligência administrativa — negligência que gerou a perda de recursos expressivos nas áreas sociais, como saúde, assistência e educação.

Ao apostar em soluções pontuais e ideologizadas, como a escola cívico-militar, a atual gestão desvia o debate dos problemas reais e das necessidades urgentes da rede municipal. Em vez de investir em formação continuada para os professores, em apoio psicológico e social para alunos em situação de vulnerabilidade, em infraestrutura adequada e em valorização profissional, escolhe-se uma via autoritária e ineficaz, que apenas mascara a crise, sem resolvê-la.

Educação não se faz com farda, se faz com respeito, investimento, escuta e compromisso com a transformação social. É tempo de exigir seriedade nas propostas, coragem para enfrentar os verdadeiros desafios e responsabilidade com o futuro das nossas crianças e jovens.

E, não para por aí! Para não assumir sua incapacidade, a administração municipal ainda tenta mascarar sua própria incompetência, disseminando de forma sutil a ideia de que os resultados insatisfatórios são culpa dos professores. Ao invés de assumir a responsabilidade por suas falhas, o governo transfere a pressão para os educadores, ignorando deliberadamente que são suas políticas mal planejadas e a falta de investimento que levam a essa situação.

A verdade é que a gestão de Anderson Mantei pouco fez pela educação de Santa Rosa. No primeiro ano de governo, precisou recorrer a manobras para justificar a não aplicação dos índices constitucionais mínimos na área. Se desde o início da gestão o compromisso com a educação já era questionável, o que esperar do futuro?

O governo Anderson Mantei transformou a educação municipal em um sistema frio, burocrático e insensível. Trata escolas como depósitos de crianças, professores como cuidadores, diretores como peças descartáveis e recursos como um jogo político. A pergunta que fica é: até quando a população de Santa Rosa aceitará essa negligência? Até quando as vozes dos profissionais da educação serão ignoradas?

A educação não é um serviço assistencial, e sim um direito fundamental. E direitos não são favores. Quem ocupa um cargo público tem a obrigação de garantir uma escola pública digna, democrática e humana. O governo municipal de Anderson Mantei precisa lembrar que seu papel não é mandar, mas servir. E que sem respeito à educação, não há futuro.

Prof. Jonas Aloísio Fusiger – Presidente do Simusar